Como aficionado pelo Mundo do Vinho há muito tempo que tinha reservado no meu imaginário uma viagem a Bordéus, aquela que é considerada por muitos como uma das Mecas deste maravilhoso Mundo vínico.
Depois de muitos planos falhados, eis que surge a oportunidade de visitar esta bela cidade, tendo como atrativo extra a realização da Fête du Vin, momento em que toda a cidade celebra em jeito de festival toda a sua história e cultura vínica.
Nesta viagem de dois dias por esta maravilhosa cidade, não pude ficar indiferente ao seu imponente rio Girona, que para além de importante canal de navegação, acaba também por delimitar geograficamente as suas regiões vínicas em margem do lado direito (Saint Emilion e Pomerol) e esquerdo (Haut Medoc, Sauternes), com diversos tipos e estilos de vinhos distintos.
De referir ainda que para além da citada separação geográfica, com os seus diferentes terroirs e castas utilizadas, existem atualmente mais de 50 denominações diferentes na região de Bordéus – AC ou AOC (Apellation Contrôlée ou Apellation d´Origine Contrôlée), com as suas regras bem definidas.
Para além deste momento festivo e das suas obrigatórias provas, não podia deixar escapar a oportunidade de visitar um dos pontos obrigatórios em Bordéus para qualquer enófilo - a Cité du Vin. Considerada por muitos como a nova Biblioteca de Alexandria para o Mundo dos Vinhos, aqui podemos encontrar um repositório vastíssimo de informações que vão desde a origem do Vinho, nas suas vertentes religiosa, antropológica e estética, até aos nossos dias.
Tendo passado no exame teórico, era altura de passar à prática e começar a provar alguns Vinhos. De salientar que durante este festival toda a cidade se transforma e respira Vinho por todos os cantos, com inúmeras provas a decorrer em diversos wine bars, que culminam no festival situado numa promenade de cerca de 3 km ao longo do rio.
Com as principais regiões representadas neste espaço, início as provas da forma habitual, pelos brancos, claretes (estilo ancestral da região), rosés, tintos e por fim os espumantes (cremants). Para além de provar os clássicos, procurei acima de tudo focar-me nos pequenos projetos de Vignerons, que procuram apresentar novos estilos e propostas alternativas.
Para além de ser uma região com imensa história e pergaminhos, verifiquei uma vontade em experimentar novos estilos e castas, como é o caso do nosso Alvarinho ou da Touriga Nacional, castas consideradas mais resilientes às alterações climáticas, entretanto aprovadas pelas entidades locais.
Muito ficou para ver e sobretudo para provar em futuras ocasiões, mas regresso a casa com a certeza de que independentemente das normais diferenças e identidades próprias, existe muito mais que nos une do que nos separa neste maravilhoso Mundo do Vinho.
Enquanto preparo a próxima incursão internacional, não me posso esquecer do nosso rico património vínico nacional, muito bem espelhado no portfólio da Donum Store, que continua a nos surpreender com uma nova oferta, desta feita da região do Tejo, com os vinhos da conceituada Quinta da Lapa.
Boas provas …
Filipe Carvalho